O cerimonial de extrair a rolha da garrafa dá início ao ritual de beber um bom vinho. Mas, o vinho torna-se mais precioso quando o seu consumo se torna, ao mesmo tempo, num ato cultural e social. Este ato inicia-se com a extração da rolha.
Dependendo da antiguidade da garrafa, vamos encontrar rolhas nos mais diversos estados. Assim, nos vinhos novos, encontraremos rolhas ainda muito robustas. Nos vinhos mais antigos, rolhas com alguma perda elástica; e, por último, nos vinhos muito antigos, geralmente com mais de 35 anos, encontraremos rolhas debilitadas devido a uma estrutura interna já muito frágil. Estas rolhas são mais difíceis de remover porque poderão partir enquanto se faz a sua extração. Nestes vinhos mais antigos, em alternativa ao saca-rolhas, pode usar-se uma tenaz em brasa para cortar o gargalo, sem a necessidade de se extrair a rolha.
De qualquer forma, quando se usa um saca-rolhas e, em qualquer um dos casos, sejam eles vinhos novos ou antigos, deverá ter-se sempre em atenção que o saca-rolhas permita uma extração totalmente vertical.
Os saca-rolhas “sommelier” de duplo-impulso são bastante comuns e permitem extrair a rolha com facilidade e sempre na vertical. Existem outros modelos que não utilizam o impulso, mas funcionam sempre na vertical. Os saca-rolhas de lâminas, que extraem a rolha pelos lados, ou seja, sem danificar a sua estrutura interna, podem ser usados em vinhos de qualquer idade, mas em especial para abrir vinhos mais antigos, que apresentam rolhas mais fragilizadas.
Uma das peças principais de um saca-rolhas é a sua espiral. Esta deve ter pelo menos 7 cm de comprimento, para poder funcionar com rolhas mais compridas, e deve ter uma extremidade pontiaguda perfeita. A espiral deve ser completamente lisa, pouco espessa, sem rebarbas, e feita numa peça única. No que diz respeito a materiais usados, as espirais com a superfície em Teflon™ ou materiais semelhantes, são as mais aconselhadas, pois percorrem a rolha com suavidade, sem danificar a sua estrutura interna.
A abertura da garrafa deve ser feita com precaução e serenidade: em primeiro lugar deve remover-se a parte da cápsula que protege o gargalo, mais ou menos a 1cm abaixo do topo; em seguida, e especialmente se a garrafa for antiga, deverá limpar-se cuidadosamente o gargalo e a testa da rolha com um pano limpo; introduz-se então o saca-rolhas no centro da rolha, na maior profundidade possível, mas tentando evitar perfurá-la. Esta operação dificilmente se completa quando se utilizam alguns tipos de saca-rolhas que não funcionam por impulso, sendo que, para a extração correta da rolha, será sempre necessária a perfuração integral da rolha. O inconveniente é que, com estes saca-rolhas, podem cair uma ou duas partículas de cortiça para o vinho, especialmente com rolhas mais antigas. Convém, no entanto, referir que estas pequenas partículas são organolepticamente inofensivas – de facto, se acontecer esta situação, tais partículas sairão para o primeiro copo servido, pelo que esse primeiro copo deverá ser o do anfitrião.
No caso de um espumante, a garrafa deve ser aberta com todo o cuidado, evitando agitá-la, de modo a poder fruir de todas as qualidades do vinho. Assim, deve segurar-se a rolha com firmeza depois de retirar o muselet. Em seguida deve girar-se a garrafa, nunca a rolha, de modo a evitar uma torção exagerada da rolha.
Ao ser expelida, a rolha emitirá um som inconfundível, motivo de alegria, enriquecedor dos sentidos, e só possível graças à rolha de cortiça!