Materiais de alta tecnologia para a indústria aeroespacial, polímeros compostos para o setor dos transportes, equipamento desportivo de alta competição, obras de arquitetura e design de referência, são alguns dos exemplos do potencial e da excelência da cortiça. O aumento da qualidade das rolhas de cortiça e a inovação do produto também estiveram na linha da frente.
A indústria da cortiça é hoje um dos setores industriais mais avançados e inovadores. Soube cruzar o seu saber ancestral com os modernos conhecimentos e tecnologias.
Nos últimos 15 anos, investiram-se 700 milhões de euros em pesquisas e desenvolvimento e fizeram da cortiça uma das matérias-primas mais estudadas de sempre. O resultado está patente em várias áreas. Para além de todos os estudos e avanços no setor tradicional das rolhas de cortiça (Combate ao TCA), a investigação do setor deu origem a obras de arquitetura e design de referência, a equipamento desportivo de alta competição, a materiais de alta tecnologia para a indústria aeroespacial, a polímeros compostos para o setor dos transportes. O forte investimento em I&D, aplicando as mais avançadas tecnologias nas diferentes fases e processos produtivos, abre a porta a produtos inovadores e cada vez mais surpreendentes.
Entre 2007 e 2014, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional, foram homologados 187 projetos num montante de investimento elegível previsto de 146 milhões de euros. Empresas da indústria da cortiça, outras entidades com ligações à indústria ou empresas de outros setores mas cujos projetos tinham aplicação à indústria ou envolviam a utilização da cortiça, foram os promotores. A APCOR apresentou 6 projetos que corresponderam a 18,5% do investimento. Os projetos apresentados ao QREN relacionados com a cortiça representam, no total, 1,3% e representam 1,4% do investimento a nível nacional.
Como melhorar a qualidade da cortiça, como tirar mais rentabilidade e uniformizar a cortiça, como explorar as caraterísticas técnicas da cortiça para encontrar novas aplicações, como … o mundo da investigação não tem fim. Ficam alguns exemplos.
Em 2009, o mundo ficou a saber que estava em curso uma investigação para sequenciar o genoma do sobreiro e criar um chip de ADN da árvore mais importante para a economia portuguesa. Reunir o maior número de genes expressos do sobreiro permite juntar informação genética para condensar num chip. Esta pesquisa permitirá tirar conclusões sobre o comportamento do sobreiro em certas condições, prever doenças, perceber a síndrome de morte súbita e eventualmente acelerar o seu crescimento. É uma espécie de teste ao pezinho do sobreiro. Nessa altura, anunciava-se uma investigação que envolvia o Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa, o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, entre outras entidades.
Uma equipa de investigadores portugueses criou um novo método que permite aumentar o volume da cortiça até 85%, sem alterar as caraterísticas deste material e tornando a sua utilização mais sustentável. O processo consiste em introduzir água na cortiça e recorrer a micro-ondas que façam aumentar o volume de granulados de cortiça. A ideia foi uma das três finalistas do Prémio Inventor Europeu 2013, na categoria Indústria, do European Patent Office. Foi a primeira nomeação de inventores portugueses para este galardão.
A cortiça humedecida com água e exposta a radiação de micro-ondas pode expandir-se 40% a 85% do seu tamanho original. As caraterísticas deste material 100% natural saem assim reforçadas num processo que apenas expande as células de cortiça, sem alterar a estrutura e sem qualquer degradação química e mantendo as suas propriedades que lhe conferem um interessante comportamento em diversas áreas. Este método, já patenteado, torna possível expandir cortiça num curto espaço de tempo e com o mínimo de energia, o que naturalmente tem impacto na indústria.
Os investigadores portugueses desvendaram mais uma impressionante capacidade da cortiça, ou seja, o seu “crescimento” quando as células são submetidas a determinada humidade e aumento de temperatura por radiação. Helena Pereira, professora e investigadora do Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade Técnica de Lisboa, e António Velez Marques, professor e investigador do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, do Instituto Politécnico de Lisboa, coordenaram esta pesquisa que certamente conduzirá a novas aplicações da cortiça. A uniformização da matéria-prima melhora o desempenho e a fiabilidade da performance do material em setores muito exigentes, como é o caso do fabrico de isolantes para fins espaciais.
Outros estudos podem ser encontrados aqui.