Cortiça em análise pelo Banco de Portugal
O setor da cortiça foi alvo de análise num estudo promovido pela Central de Balanços, do Banco de Portugal. Sob o tema “Análise das empresas dos setores da madeira, da cortiça e do papel”, o estudo apresenta dados que cobrem indicadores como número de empresas, trabalhadores, volume de negócios e, ainda, rentabilidade das empresas.
No que toca à representatividade do setor da cortiça no âmbito das indústrias de base florestal – Madeira, Papel e Cortiça – é de realçar que o setor representava, em 2014, 16% do volume de negócios destas indústrias, 11% do número de empresas e 13% do número de pessoas ao serviço. O setor da cortiça era constituído maioritariamente por microempresas, que representavam 81% do total do setor, com 18,3% pequenas e médias empresas e apenas 0,6% empresas de grande dimensão. No entanto, quando avaliado o volume de negócios do setor, 45,1% teve origem em empresas de pequena e média dimensão e 41,5% em empresas de grande dimensão. Além de que 63% do volume de negócios era gerado por empresas com mais de 20 anos de existência.
Mas é no parâmetro das exportações que o setor mais se destaca – 70% do volume de negócios e 65% do número de pessoas ao serviço estava concentrado no setor exportador, em 2014. Por este motivo, o setor da cortiça tem contribuído, nos últimos anos, para a melhoria da balança comercial do país, exportando cerca de 95% do que produz, e possuindo valores de importações reduzidos e quase confinados à importação de matéria-prima. Daí que o saldo na balança é de mais de 750 milhões de euros, o que corresponde a uma taxa de cobertura das importações em seis vezes. Ainda pela mesma análise verifica-se que o saldo das transações de bens e serviços com o exterior foi no setor da cortiça de 45%, liderando de forma clara neste parâmetro de análise.
É também bem visível através da análise do Banco de Portugal, o peso que as matérias-primas têm na estrutura de custos das empresas (73%). Por esse facto, a estratégia da fileira da cortiça reconhece uma particular atenção ao montado, ao sobreiro e à cortiça produzida.
No que toca à geografia do setor, 80,7% das empresas tinham as suas sedes localizadas no distrito de Aveiro. Estas empresas agregavam 78,3% do volume de negócios do sector e 77,5% do número de pessoas ao serviço.
No cômputo geral, e tendo como referência o mesmo estudo, alguns dados a registar. Quanto ao volume de negócios, os setores da madeira, da cortiça e do papel apresentaram sempre um desempenho mais favorável que o total das Sociedades Não Financeiras (SNF), tendo registado um crescimento de 5% em 2014, variação similar à registada pelo EBITDA cujo crescimento foi superior ao registado em 2013 (3%), e à variação registada no conjunto das SNF (1%). Relativamente à rendibilidade dos capitais próprios, a mesma ascendeu a 9%, em 2014, superior à registada pelas SNF (3%). No caso do setor da cortiça este indicador foi de 10%. O segmento da cortiça apresentou, em 2014, uma margem EBITDA de 10%, sendo a margem líquida de 5%. No que diz respeito à situação financeira, os setores da madeira, da cortiça e do papel apresentaram um rácio de autonomia financeira de 40%, acima dos 30% registados pelas SNF. O setor da cortiça ficou igualmente acima deste referencial (36%).