Entrevista a Cecília Ribeiro
A cortiça é nobre, delicada e rica.
APCOR – É a primeira colecção que faz utilizando a cortiça?
Cecília Ribeiro – Esta é a primeira colecção integral de cortiça, mas já havia trabalhado com botões de cortiça e penso que deu óptimos resultados.
Como surgiu o gosto por este material?
Este é um material com um aspecto muito rico por ser bastante orgânico. Uma vez que o meu percurso passou por uma Licenciatura em Design, pesquisei por diversas vezes as qualidades da cortiça. Sendo este material bem Português e com bastante abundância também na zona onde vivo e trabalho, facilitou o processo de integração da cortiça no meu trabalho.
Como é que descreve a cortiça enquanto material de joalharia?
A cortiça é um material com diversas propriedades que apelam à sua utilização. Uma delas está bastante presente no meu trabalho: a leveza, o contraste entre o volume da peça e a sua delicadeza. Relativamente às formas, a cortiça permite-me explorar as suas formas não deixando de ser aquilo que é no seu aspecto original.
Que outros materiais utiliza nas suas peças?
Uso variados materiais, desde pedras vulcânicas, pérolas, pedras semipreciosas, ligas banhadas a ouro, botões, aço, prata, entre outros. Trabalho para obter um objectivo funcional aliado a um bom Design.
Quanto tempo é que pode levar a fazer uma peça destas? É um trabalho manual ou já industrial?
As peças que vemos são todas feitas à mão onde cada pedaço de cortiça é trabalhado individualmente, a partir da sua forma procuro encontrar o melhor caminho, mas em tudo depende da peça que extraio da placa de cortiça, podendo originar anéis, brincos, colares ou pregadeiras.
Desde quando é que se dedica a este trabalho?
Comecei a trabalhar com joalharia contemporânea em 2007, quando, por acidente, num projecto utópico fiz um anel com botões e um fio de metal que tinha por casa. Uma antiga colega de curso gostou e quis adquiri-lo para o oferecer e foi daí em diante que dei início ao trajecto que trago até hoje.
Qual é o valor das peças?
O valor depende muito do material que a peça contém, sendo o valor mais baixo 50€ correspondente aos anéis mais simples, contudo também varia nos pedidos mais personalizados.
Numa palavra o que diria sobre a cortiça?
É difícil em apenas uma palavra caracterizar a cortiça, esta é para mim nobre, delicada e rica, não só em texturas e formas mas também historicamente. É um material muito natural para mim.
Perfil

Cecília Ribeiro, 25 anos, licenciada em Arte e Design na Escola Superior de Educação de Coimbra, a frequentar um curso de Ilustração gráfica. Procura personalizar a sua expressão através de materiais, formas e texturas que tornam único e personalizado o seu trabalho.
Deixando-se absorver perante a forma orgânica da cortiça, fazendo conscientemente o seu trabalho de selecção e de materialização, que procura evidenciar a beleza subtil do corpo feminino, com elegância e a delicadeza que este merece.
Sendo que se evidencia a preferência pela cor neutra da cortiça, texturas irregulares de formas assimétricas, que se equilibram com a imparcialidade de cores dinâmicas, brilhantes e que patenteiam o charme e a perfeição feminina.
In Notícias APCOR Outubro, Novembro, Dezembro 2012