Entrevista a Claudia Chaves Carvalho
A cortiça é um material maravilhoso para trabalhar em joalharia
Claudia Chaves Carvalho, Design de Jóias
Anéis, colares e pregadeiras são algumas das peças que a Design de Jóias Cláudia Chaves Carvalho concebe em cortiça. A esta nobre matéria-prima junta prata, ouro, latão, cobre ou titânio, dando vida a peças originais e requintadas. Cláudia conta ao Notícias APCOR como nasceu o seu trabalho.
APCOR – Como nasceu este gosto por trabalhar a cortiça em peças de joalharia?
Claudia Chaves Carvalho – Sempre trabalhei com a joalharia contemporânea e entretanto guardava as rolhas das garrafas de vinho em um saco para mais tarde deitá-las em um “rolhão” perto de casa. Um belo dia o “rolhão” desapareceu da rua onde estava instalado. Recusei-me a deitar as rolhas no lixo e assim tentei imaginar uma possível utilização para as mesmas.
Sendo a minha formação a do design industrial, design de jóias e curso de joalharia contemporânea foi natural imaginar fazer jóias com as rolhas.
E não é misturar os materiais preciosos com outros materiais, o conceito da joalharia contemporânea?
Como caracteriza a cortiça enquanto material? Que características da cortiça a levaram a utilizá-lá?
A cortiça é um material maravilhoso para trabalhar em joalharia.
Com um excelente aspecto, é forte e leve e também macia para esculpir.
Nobreza e suavidade ao tacto são as qualidades que a cortiça acrescenta as peças que crio.
Há quanto tempo desenvolve o seu trabalho?
Comecei a fazer os primeiros anéis com as rolhas no ano de 2006.

Que tipo de peças é que elabora? E quanto podem custar?
A ideia nasceu com os anéis de rolha que são as peças mais originais.
Entretanto, por encomenda, criei peças únicas de colares e pregadeiras com cortiça.
Assim nasceu esta nova linha que está também a ser comercializada nas lojas.
Quanto ao preço varia conforme a complexidade da peça e o material que utilizo com a cortiça.
Por exemplo, o preço de um anel de rolha, prata e cristal pode rondar os 60€.
Que outros materiais utiliza nas suas peças?
Uso variados materiais, desde pedras vulcânicas, pérolas, pedras semipreciosas, ligas banhadas a ouro, botões, aço, prata, entre outros. Trabalho para obter um objectivo funcional aliado a um bom Design.
Quanto tempo é que pode levar a fazer uma peça destas? É um trabalho manual ou já industrial?
As peças que vemos são todas feitas à mão onde cada pedaço de cortiça é trabalhado individualmente, a partir da sua forma procuro encontrar o melhor caminho, mas em tudo depende da peça que extraio da placa de cortiça, podendo originar anéis, brincos, colares ou pregadeiras.
Desde quando é que se dedica a este trabalho?
Comecei a trabalhar com joalharia contemporânea em 2007, quando, por acidente, num projecto utópico fiz um anel com botões e um fio de metal que tinha por casa. Uma antiga colega de curso gostou e quis adquiri-lo para o oferecer e foi daí em diante que dei início ao trajecto que trago até hoje.
Qual é o valor das peças?
O valor depende muito do material que a peça contém, sendo o valor mais baixo 50€ correspondente aos anéis mais simples, contudo também varia nos pedidos mais personalizados.
Numa palavra o que diria sobre a cortiça?
É difícil em apenas uma palavra caracterizar a cortiça, esta é para mim nobre, delicada e rica, não só em texturas e formas mas também historicamente. É um material muito natural para mim.
