Entrevista a Dirk van der Niepoort

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Entrevista a Dirk van der Niepoort

Dirk van der Niepoort, uma história de sucesso

A marca Nieeport está situada entre os grandes nomes do mundo do vinho. Considerando que se trata de uma empresa de pequena dimensão, este facto assume um particular relevo. Quando o seu Vintage 1997 foi considerado o “melhor Vinho do Porto” incluído no Top 100 da revista Wine Spectator do ano 2000, a casa Niepoort ganhou, definitivamente, projecção internacional.

Desde 1835 a família holandesa van der Niepoort está vinculada aos Vinhos do Porto. Inicialmente, eram comerciantes e exportadores; compravam uvas e vinhos aos lavradores do Douro, para depois os vender com a sua própria marca. Cinco gerações depois, um jovem com pouco mais de vinte anos veio integrar-se nesta empresa familiar e revoluciou por completo uma estrutura até então solidamente tradicional.

Dirk van der Niepoort

Dirk van der Niepoort, nascido na cidade do Porto em 1964, soube aproveitar as oportunidades que lhe surgiram. Formou-se em Economia na Suíça e regressou ao Porto em 1987, integrando-se na empresa que o seu pai, Rolf Niepoort, regia com uma política marcadamente conservadora. O maior desafio para o entusiasta Dirk van der Nieport foi conjugar, de forma harmoniosa, a tradição com a vanguarda.

O primeiro passo neste processo foi a compra de duas propriedades vinícolas em Cima Corgo, uma região que tradicionalmente tem proporcionado os melhores Vinhos do Porto. Com a aquisição da Quinta de Nápoles e da Quinta do Carril alterava-se o funcionamento da casa Niepoort. Surgia uma nova actividade: Niepoort não só produzia Vinhos do Porto, como também vinhos de mesa.

O seguinte empreendimento de Dirk Niepoort está a ser a construção de uma adega moderna na Quinta de Nápoles.

No universo dos Vinhos do Porto, a casa Niepoort tem um lugar de privilégio nos ‘Tawnies‘ velhos, nos ‘Colheitas‘ e nos ‘Garrafeiras‘. Actualmente, os ‘Vintages‘ da casa Niepoort estão posicionados entre os melhores de sempre, como o demonstra o seu magnífico Vintage 1997.

Em relação aos ‘Tawnies‘ velhos, a casa Niepoort é a única que utiliza rolhas de cortiça de corpo inteiro. Dirk van der Niepoort explica a razão: “É porque acreditamos que os nossos Tawniesevoluem com o tempo em garrafa. Por isso, temos de assegurar as condições apropriadas para o vinho envelhecer correctamente, e, neste processo, a rolha tem uma enorme importância. É comum dizer-se que os Tawnies e os Colheitas são melhores nos primeiros dois anos após o engarrafamento; mas eu pessoalmente acredito que aperfeiçoam depois de passarem algum tempo em garrafa – quanto mais tempo melhor. É claro que um estágio mais longo em barril – se estivermos a falar de um grande vinho – é sempre preferível. No entanto, eu adoro Porto com aromas de garrafa. Por exemplo, um dos meus preferidos é o nosso Colheita de 1935, engarrafado em 1972. Simplesmente perfeito!”.

Dirk van der Niepoort considera que no Vinho do Porto, os problemas de ‘cheiro a rolha’ são escassos. “Recordo-me a este respeito de algumas histórias com piada. Ao princípio dos anos 90, num jantar servi um vinho suíço novo que pretendia ser ‘sério’ e bom. No entanto, não era muito sério, e tinha um cheiro estranho. Várias pessoas insistiam que o vinho teria rolha… Depois de deixar a discussão culminar, apresentei-lhes a realidade: o vinho tinha um screwcap.”

“Também conheço o caso de um amigo meu, produtor de vinhos, que tinha o vinho estagiar em madeira e várias barricas tinham transmitido – já antes de ser engarrafado o vinho – um sabor a mofo.” Estes comentários fazem-nos concluir que algumas pessoas remetem para a rolha problemas encontrados no vinho – quando, de facto, as origens dos defeitos muitas vezes nada têm a ver com as rolhas, mas sim com outros factores.

A Casa Niepoort é a única que produz os chamados ‘Portos Garrafeira‘. Dirk van der Niepoort caracteriza esta categoria sui generis de Vinho do Porto: “Eu diria que os ‘Garrafeiras´ são os mais elegantes tipos de Porto, passam entre três a seis anos em madeira e depois são engarrafados em garrafões de vidro – dimijons – do século XIX. Este envelhecimento parece que lhes dá uma enorme elegância. Quando um ‘Garrafeira‘ é bom, … é fantástico!”.

Dirk relata que há cerca de cinco anos fez uma visita extensiva a vários produtores de rolhas e chegou à conclusão que a sua empresa estava muito bem servida: “Utilizamos rolhas sem tratamentos com cloros ou peróxidos, rolhas que nos tem dado muito bom resultado. Mesmo assim há bastantes detalhes que ainda convém aperfeiçoar”.

Esta entrevista foi conduzida por Alfredo Hervías y Mendizábal..

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