Apcor lança três estudos na área da investigação
A Associação Portuguesa de Cortiça (Apcor) vai apresentar, no dia 20 de Dezembro, no centro Multimeios de Espinho, três estudos na área da investigação realizados no âmbito do projecto CorkAcção. A saber:
1º Estudo: Desenvolvimento de estratégias biotecnológicas para minimização do TCA;
2º Estudo: Influência da permeabilidade controlada de vedantes ao oxigénio, na evolução de certos compostos voláteis e de aroma do vinho;
3º Estudo: Impacto da rolha de cortiça no vinho tinto engarrafado, em parâmetros relacionados com a composição polifenólica e actividade cardioprotectora.
A Investigação no CorkAcção centrou-se no produto de cortiça que actualmente consegue um maior valor acrescentado e que assegura o interesse económico e a continuidade dos montados: a rolha de cortiça.
Face ao aparecimento de novos vedantes, era necessário obter mais informação sobre algumas questões técnico-cientificas que respondesse às exigências dos mercados. Deste modo, no âmbito do programa CorkAcção, a Apcor está a desenvolver três projectos de investigação, na tentativa de encontrar resposta para as necessidades sentidas.
1º Estudo: Desenvolvimento de estratégias biotecnológicas para minimização do TCA
Instituição: INBIOTEC – Instituto de Biotecnologia de Léon (Espanha)
Director: Juan Rubio Coque
O projecto pretende desenvolver estratégias biotecnológicas quer na prevenção da contaminação quer na redução dos níveis após contaminação por cloroanisois, especificamente:
1) Desenvolvimento de cepas fúngicas modificadas, dotadas com a capacidade de degradar clorofenóis e incapazes de formar cloroanisois em cortiça. Estas serão usadas como inóculos para crescer sobre as pranchas de cortiça e/ou rolhas – processo preventivo.
2) Pesquisa de microorganismos com capacidade para degradar cloroanisois. Obtenção de preparações enzimáticas para tratar/lavar as rolhas – processo curativo.
2º Estudo: Influência da permeabilidade controlada de vedantes ao oxigénio, na evolução de certos compostos voláteis e de aroma do vinho
Instituição: Laboratoires Excell (França)
Directores: Pascal Chatonnet e Dominique Labadie
Neste projecto, tem-se em atenção que o tipo de evolução dos vinhos (redutiva ou oxidativa) não depende unicamente da permeabilidade do vedante ao oxigénio. A composição do vinho intervém igualmente. Efectivamente, a capacidade do vinho em evoluir de maneira redutiva é condicionada pela sua composição em substâncias antioxidantes naturais, susceptíveis de gerar compostos de enxofre. É ainda influenciada pelas condições de preparação e de engarrafamento e, apenas em último, pelo sistema de obturação. Neste trabalho, pretende-se estudar a influência da permeabilidade controlada de diferentes vedantes, na evolução do teor de certos compostos de enxofre voláteis (tiois e sulfuretos), característicos da evolução “redutiva” de diferentes vinhos brancos, incluindo a apreciação das modificações induzidas nos perfis organolépticos.
Para isso efectuou-se:
– a selecção prévia dos vinhos (de acordo com a sua composição e a sua capacidade teórica de gerar naturalmente uma evolução mais ou menos “redutiva”);
– arrolhamento dos vinhos seleccionados com cortiça (natural e técnica) e com vedantes alternativos (matéria plástica e cápsula de roscas).
3º Estudo: Impacto da rolha de cortiça no vinho tinto engarrafado, em parâmetros relacionados com a composição polifenólica e actividade cardioprotectora
Instituição: BIOCANT (Portugal)
Directores: Leonor Martins de Almeida e Maria Conceição Egas
Este projecto baseia-se no facto de estudos epidemiológicos recentes terem revelado uma correlação inversa entre a ingestão moderada de vinho tinto e a diminuição do risco de doenças cardiovasculares. Este efeito tem sido atribuído principalmente ao seu elevado conteúdo em polifenois. De facto, para além das suas reconhecidas propriedades anti-oxidantes, os polifenois exercem um efeito estimulador da produção de óxido nítrico (NO), a molécula-chave que desempenha um papel essencial na regulação do tónus vascular. Por outro lado, a actividade dos polifenois do vinho tinto, na modulação do efeito biológico do NO, parece ser ainda criticamente relevante no processo da digestão. Assim, os potenciais efeitos biológicos benéficos de um vinho, em particular no contexto da prevenção das doenças cardiovasculares dependem, logicamente, da sua composição em polifenois e das suas concentrações relativas. De entre vários factores, as condições do armazenamento e do envelhecimento condicionam de forma marcada tal composição. No vinho engarrafado, a tensão do oxigénio é um dos factores determinantes do potencial envelhecimento do vinho, e a difusão do oxigénio para este pode ser influenciada significativamente pelo tipo de rolha.
Assim, neste projecto, pretende-se avaliar o impacto da rolha de cortiça, versus vedante de polímero sintético, nas propriedades biológicas do vinho tinto relevantes para a saúde humana, no contexto da prevenção das doenças cardiovasculares.
A iniciativa de investigação do CorkAcção é parte integrante de um projecto de intervenção no sector da cortiça e constituiu uma parceria entre a Apcor e o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), que teve início em Janeiro de 2004. O programa teve como objectivo global o reforço da competitividade da indústria portuguesa da cortiça e a consolidação deste sector no mundo.
Associação Portuguesa de Cortiça (Apcor)
A Apcor tem como missão representar e promover a indústria portuguesa da cortiça, representando cerca de 300 empresas que, no seu conjunto, são responsáveis por cerca de 80% da produção nacional total e 85% das exportações de cortiça. É também responsável pelo desenvolvimento de acções de promoção e valorização da cortiça através da realização de iniciativas de carácter nacional e internacional, disponibilizando, ainda, um centro de informação.
Para mais informações, contacte, por favor:
Sofia Afonso
Coordenadora do Programa CorkAcção
Tel. 227 474 040
E-mail: info@apcor.pt