Completa-se este mês o segundo aniversário da elevação do Sobreiro a Árvore Nacional de Portugal. Registe-se que este acontecimento surgiu com a aprovação, por unanimidade, de um projecto de resolução apresentado na Assembleia da República (AR) e teve a ajuda de uma petição pública (promovida pelas associações Árvores de Portugal e Transumância e Natureza) que reuniu mais de duas mil assinaturas.
O órgão máximo da soberania portuguesa reconheceu, assim, a importância desta espécie florestal para a economia, o ambiente e a sociedade portuguesa.
A Assembleia da República tem demonstrado sensibilidade para esta temática, nomeadamente através dos trabalhos desenvolvidos pelo Grupo de Trabalho do Sobreiro (X Legislatura), de que resultou a Resolução da Assembleia da República n.º 26/2007, de 21.06.2007 (Defender o montado, valorizar a fileira da cortiça), aprovada por unanimidade.
Registe-se que 1º aniversário da elevação do Sobreiro a Árvore Nacional de Portugal foi assinalado com a plantação de um sobreiro nos jardins da AR. Este sobreiro foi plantado por José Luís Peixoto – escritor e natural de Galveias, Ponte de Sor, Alentejo – que apadrinhou esta árvore.
Neste segundo ano, a Associação Portuguesa da Cortiça (Apcor) lembra a importância que o sobreiro e o montado assumem para os países da bacia do mediterrâneo e, nomeadamente, para Portugal.
Registe-se que há 2,1 milhões de hectares de área total de montado, limitado à região mediterrânica; sendo que Portugal é o país com maior área, com 34 por cento do total mundial e maior produtor mundial de cortiça, com 49,6 por cento. No nosso país, o sobreiro ocupa 737 mil hectares, representando a segunda espécie florestal portuguesa e ocupando 23 por cento da área de povoamentos florestais. Outros dados a reter tem que ver com o facto de o montado poder fixar cerca de seis toneladas de CO2 por hectare e ano, o que corresponde, no caso de Portugal, a mais de quatro milhões de toneladas de CO2 por ano, e 14 milhões de toneladas de CO2, por ano, em todo o mundo; e das florestas de sobro assegurarem uma grande biodiversidade natural em fauna selvagem – 24 espécies de répteis e anfíbios (53 por cento da população portuguesa), mais de 160 espécies de aves e 37 espécies de mamíferos (60 por cento dos mamíferos portugueses) – e flora, com 135 espécies de plantas por 1000 m2.
Associado a tudo isto destaca-se a importância da matéria-prima proveniente do sobreiro, a cortiça, na economia nacional, ao representar 13,6 por cento do Valor Acrescentado Bruto (VAB) sectorial da fileira florestal, 0,3 por cento do VAB nacional e 1,6 por cento do VAB industrial. A cortiça é, ainda, o segundo sector desta fileira que contribui mais para as vendas nacionais para o mercado externo, com 20,5 por cento.
Por tudo isto, a Apcor considera fulcral a continua atenção ao sobreiro e à cortiça, assim como a defesa desta espécie e as medidas e projectos de apoio e que contribuem para o desenvolvimento sustentável do sector e da fileira da cortiça.