Maior Valor Acrescentado
A cortiça é um fator indelével de desenvolvimento social e económico para os países do Mediterrâneo Ocidental. Combina uma tradição secular com as mais modernas práticas de uma indústria do futuro, líder em sustentabilidade. A extração de cortiça é o trabalho agrícola mais bem pago do mundo, pela especialização e cuidado que exige.
Os montados de sobro são um dos poucos exemplos de exploração florestal totalmente sustentável, devido ao preço de mercado da cortiça. Apesar da variedade dos produtos de cortiça, são as rolhas que impulsionam a indústria da cortiça: representam 70% do valor do mercado da cortiça.
Combate à desertificação
A desertificação é um dos problemas mais prementes enfrentados pela humanidade. Em áreas rurais, só pode ser prevenida mediante a utilização sustentável da terra e a manutenção da viabilidade económica. As florestas de sobreiro, formando sistemas ecológica e economicamente sustentáveis, funcionam como um importante instrumento de prevenção contra a desertificação. Para além da preservação da biodiversidade e da regulação do ciclo hidrológico, travam o despovoamento (ao constituírem-se como sistemas agroflorestais economicamente viáveis).
Nenhum outro produto substituto da cortiça será tão sustentável do ponto de vista ambiental, tendo em conta os solos pobres e as duras condições climatéricas. Em algumas povoações, a cortiça é o rendimento principal, mantendo essas áreas vivas com atividades económicas e sociais. A cortiça não só cria riqueza, como a distribui, tornando as regiões economicamente viáveis.
De uma perspetiva urbanística, os habitantes também confiam neste ecossistema único. Para além da regulação da água, do controlo do ar, das produções agrícolas em pequena escala, dos produtos domésticos e pessoais, há, também, uma imensa diversidade de atividades de lazer e recreio.
Valor Económico
Na vanguarda do setor, Portugal é líder mundial na produção, transformação e comercialização da cortiça. Possui a maior área do mundo de montado de sobro, mais de 720 mil hectares (34% do total), e produz cerca de 100 mil toneladas de cortiça (50% do total). É o maior exportador mundial de produtos transformados, com 63%, o que equivale a 1.134 milhões de euros.
As exportações portuguesas de cortiça representam cerca de 2% das exportações de bens portugueses, 1,2% nas exportações totais e significam um saldo da balança comercial de 935 milhões de euros (2021).
Em 2016, considerando a composição dos Setores da Madeira, da Cortiça e do Papel por segmentos de atividade económica, verifica-se, ainda, que a cortiça representa:
É no parâmetro das exportações que o setor mais se destaca no conjunto destas indústrias ao assumir 70 por cento do volume de negócios e 65 por cento do número de pessoas ao serviço que se concentram no setor exportador, em 2014. O saldo das transações de bens e serviços com o exterior foi, em 2014, no setor da cortiça de 45 por cento.
(Fonte: Análise das empresas dos setores da madeira, da cortiça e do papel, Banco de Portugal, 2016 e actualização de Janeiro de 2018)
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, nas recentes Contas Económicas da Silvicultura (28 de Junho de 2018), a cortiça foi determinante para o VAB da silvicultura com um aumento nominal da produção de 5,8 por cento. Para esta evolução contribuíram acréscimos em volume de 3,9 por cento e em preço, com mais 1,8 por cento. O volume de produção da cortiça regista uma tendência crescente desde 2006.
Valor Humano
Nos sete países mediterrâneos produtores de cortiça, mais de 100.000 pessoas dependem direta ou indiretamente deste setor, segundo o WWF. Em Portugal, o sobreiro e os sistemas florestais representam 7.796 postos de trabalho fabris diretos. Milhares de postos de trabalho indiretos em atividades ligadas ao montado de sobro têm também uma importância incontornável: colheita de plantas medicinais e de cogumelos, produção de mel e cera, produção de carvão, caça, pecuária, observação de aves, turismo e passeios equestres. Um leque inesgotável de possibilidades que atraem o investimento, fomentam a indústria nacional, garantem emprego e contribuem para estimular a consciência ambiental.
Montado: um hectare vale 100 euros
Os serviços ambientais do montado de sobro estão avaliados em pelo menos 100 euros/ano por hectare. Um estudo da Corticeira Amorim e da Confederação Europeia da Cortiça (C.E.Liège), que incidiu sobre a Herdade da Machoqueira do Grou (com gestão florestal certificada pelo Forest Stewardship Council), no concelho de Coruche, propriedade de 2423 hectares com diferentes utilizações do solo, incluindo 1000 hectares de montado de sobro, concluiu que os serviços do ecossistema analisado valem, no mínimo, 100 euros/ano por hectare – o que, no caso estudado, representa um valor global de 100.000 euros por ano.